Cenário crítico para 72% das empresas brasileiras

Publicado em 21 de novembro de 2025

Com a Reforma Tributária se aproximando de suas primeiras obrigações práticas em 1º de janeiro, a situação é de urgência no cenário empresarial brasileiro. Um recente levantamento de uma empresa de tecnologia, que ouviu 355 companhias de setores como varejo, indústria, construção civil, agronegócio e tecnologia, revela um dado alarmante: 72% das empresas ainda não estão preparadas para adaptar seus processos internos às novas regras de recolhimento e declaração de tributos sobre o consumo.


Despreparo nacional: o risco iminente

Apenas 28,1% das empresas afirmaram já possuir um plano estruturado de adaptação para o novo sistema. O restante das companhias encontra-se em estágios muito iniciais ou, pior, paralisadas:

  • 33% das empresas sequer iniciaram a discussão interna sobre os impactos da reforma;
  • 38,6% apenas começaram um levantamento preliminar.

Isso significa que, a menos de três meses da entrada em vigor das primeiras mudanças, a grande maioria do mercado corre um sério risco operacional e financeiro.


A necessidade imediata de atualizar o ERP

Haroldo Menezes, CEO da HMIT Tecnologia, empresa especializada em inteligência em documentos fiscais, destaca a necessidade crítica de adequação dos sistemas de gestão (ERPs):

“O sistema de gestão das empresas, os ERPs, devem ser atualizados para a última versão disponível. Observamos que, na maioria dos casos, as atualizações referentes à reforma tributária foram disponibilizadas apenas para a última versão.”

Menezes relata casos de empresas que ainda utilizavam versões de 2017 ou 2019, exigindo um grande esforço apenas para chegar à versão mais recente antes de poder aplicar as atualizações específicas da reforma.

A mensagem é clara: as empresas que ainda não iniciaram o processo de adequação dos seus sistemas devem fazê-lo imediatamente.


O perigo de não fazer nada: faturamento e operações em risco

A falta de adaptação aos novos modelos de tributação impacta diretamente o faturamento e as operações das empresas. Os riscos são imediatos e graves:

  1. Impossibilidade de faturar: o risco mais crítico. Se o sistema não estiver preparado para emitir notas fiscais dentro das novas regras, a empresa pode ficar impedida de faturar e vender;
  2. Dificuldade na recepção de mercadorias: seus fornecedores começarão a enviar notas fiscais já com as informações da nova tributação (CBS e IBS). Se o seu sistema não estiver pronto para receber esses documentos, o processo de dar entrada na mercadoria será comprometido;
  3. Descumprimento das obrigações de 2026: a partir de 2026, embora a cobrança integral ainda não esteja valendo, a empresa precisará calcular e destacar o CBS e o IBS na nota fiscal. O não cumprimento dessas etapas impede a empresa de seguir com as fases subsequentes de implementação.

Entenda a reforma: unificação e implementação gradativa

Aprovada em 2023 e regulamentada neste ano, a Reforma Tributária visa simplificar e unificar a complexa malha de tributos sobre o consumo (PIS, COFINS, ICMS e ISS):

  • IBS (imposto sobre bens e serviços): administrado por estados e municípios;
  • CBS (contribuição sobre bens e serviços): gerida pelo governo federal.

As mudanças serão implementadas de forma gradativa, começando em janeiro de 2026 com a cobrança de uma alíquota de testes (0,9% para a CBS e 0,1% para o IBS). Este período inicial é crucial para que as empresas ajustem seus processos sem o impacto da alíquota completa.

A hora de agir é agora. O tempo de preparação está se esgotando, e a adequação dos sistemas ERP é o primeiro e mais urgente passo para garantir a continuidade operacional em 2026.

Fonte – Jangadeiro FM | Band News